sábado, 28 de novembro de 2009

Depois. Logo aí.

Ainda lembro-me da sua face quando lhe conheci. Face essa que até hoje não sai da minha cabeça. Ela pulsa junto com tantos pensamentos. Quebro os vasos que carrego, dentro dele havia sentimentos que sempre estiveram comigo. Não me importa mais.

Sabemos qual o próximo passo. Sabemos o que vai acontecer. Sempre soubemos, desde o seu primeiro sorriso envergonhado. Desde o início ouviu-o falar de seus defeitos. Nunca os viu. E se o tinha, apenas o deixava mais bonito.

Não quero mais pensar sobre o depois. Há muito já desisti de meus planos, só quero ver seu rosto rindo de uma besteira qualquer que lhe conto enquanto tomamos um café numa lanchonete de esquina.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Feche os olhos.

A noite ainda existia. O mais belo luar daquele ano os embebia. O brilho do mar era um pedido para viver os mais deliciosos sonhos.

- Já passou, agora feche os olhos que vou lhe levar para um lugar bem diferente.
-Tá bom. – Fechou os olhos com os dedos entreabertos.
-Não, pára de brincadeira e fecha de verdade.

E ouvindo o pedido, instantaneamente o fez. Passaram alguns instantes. Aquele barulho da água batendo na costa daquele sul gélido não cessava, era confortador e agonizante ao mesmo tempo.

Esperando o que viria acontecer com os olhos fechados, de repente o sente. Uma outra boca encosta na sua e lhe traz a mais gostosa sensação que já sentira. Ao desencostar a boca, abriu os olhos. A noite ainda gritava, o luar era o mesmo e o mar continuava ali.

-Ainda estamos aqui. Nada mudou.
-Mudou sim. Eu mudei.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Inchado.

Doeu-lhe a face. E com a dor veio toda a poluição causada por viver naquele submundo. Não lhe haviam dito que aquilo era errado. E por quê? Porque realmente não era. Sentiu-se sem chão, sem atitude, sem razão. Simplesmente ficou parado. Foi algo tão repentino que não sabia o que fazer.

Sentiu-se o lixo. E no meio daquele cheiro de esgoto, sentiu aquele aroma doce e sério ao mesmo tempo que já havia tomado o seu olfato algumas vezes antes. Sem mais delongas aquele cheiro lhe salvou. O que antes havia tomado seu olfato, agora lhe tomava o corpo todo.